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domingo, 11 de maio de 2014

11 de maio de 2014 - domingo


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   A homenagem a todas as mães, no seu dia.
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   Abaixo, uma crônica de meus tempos de piá, relembrando o quanto a mãe é importante para todos nós.

 
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Carta para a Dona Lourdes, onde quer que se encontre:
 
   Em 2014 chegaremos a dez anos sem a Dona Maria de Lourdes Tico (ou Fernandes) Barbosa neste mundo.
     Estou na Chácara, solito, sem ouvir nenhuma resinga.
    Esta mesma chácara onde construíste uma casa simples, mas com muito espaço para receber filhos, netos, bisnetos.
   Construída com sacrifício e economia, pois era  escassa a pensão de viúva.
   Lembro que nós, filhos, pedíamos que não gastasses tanto, pois não havia necessidade de cinco quartos e dois banheiros, que ficariam em desuso durante quase todo o ano. Eram tão poucos os dias, feriadões ou não, em que todos podíamos nos reunir aqui na Palma.
   Mas teimavas: "Que não era para ficar em hotel que a família deveria estar aqui fora! A reunião tinha que ser total, convivendo no regime de casa e comida."
   E te sacrificavas, economizando cada centavo para terminar a construção. Anos e anos na luta.
   E com que alegria recebias a todos!
   Filhos, noras, genro, netos, sobrinhos, parentes, amigos.
   Era a herança da tua mãe, Ana Cândida, cuja maior alegria da vida também era receber todo o mundo em seu aniversário, no primeiro do ano. Aliás, o mesmo vírus que atacou  o tio José, sempre pensando em fazer alguma festa, alguma comemoração com a parentalha.
   A ceifeira não manda recado e quando chega a hora comparece, implacável.
   Não te deu tempo de curtir muito a casa feita com  sacrifício perseverante.
   Em 2004, foste chamada para construir outra casa, onde a gente possa se reunir de novo, conversar, jogar cartas (de que não gostavas), bater bola (às vezes estragando algumas das tuas flores).
   E aqui ficaram filhos, netos, sobrinhos, sempre com aquela estranha sensação de que falta alguma resinga.
   Imagina, mãe, que quando a bola passa por cima de uma folhagem, não há aquele baita discurso ...
   Ninguém vem reclamar quando o carteado vai noite a dentro ...
   A casa continua de pé. Teus filhos ainda se reúnem aqui. Alguns netos e bisnetos vêm de vez em quando. Outros parentes, muito raro.
   As matriarcas (Tu e a Vó) já não estão mais aqui para atrair a todos.
   Fica a saudade doída das broncas, dos resmungos ...
   Fica a saudade de quem fazia longas jornadas ao lado de algum parente adoecido. Da casa (esta e todas aquelas em que moraste) sempre com alguém de fora sendo ajudado.
   Não eras perfeita. Como todos nós.
   Não fosse a tua eterna busca do respeito ao teu e ao direitos dos outros, com a rotineira rabugice, serias uma Madre Tereza melhorada, pois o amor ao próximo que te movia era impressionante e cobravas isso de todos.
   Levei bronca por não ajudar a outros como ajudavas, e muita.
   Mas sou grato por haver herdado (além da rabugice, infelizmente), a intolerância com a injustiça e com a agressão ao meu direito e ao do próximo.
   Se quisessem ver a Dona Lourdes braba era pisar num calo seu. Talvez ficasse mais braba, ainda, com o pisotear no calo dos outros.
Virava, literalmente, uma leoa.
   Hoje amanheceu um domingo lindo.
   O décimo Dia das Mães, sem a minha mãe.
   O Sol parece meio sem brilho, os passarinhos cantam  baixo, os cuscos me vem fazer festa dum jeito diferente.
   É o décimo ano sem aquela que, na última vez que me viu, preocupou-se com um furinho de meia e foi, arriscando a perder o ônibus, imediatamente cerzir o buraco.
   Não esqueço de uma de tuas últimas frases:
   - Mas que mamão gostoso esse aqui!
   Minha resposta:
   - Se algum dia quiseres um igual, e eu não estiver em casa para ir buscar, procura aquela banca que fica defronte ao Hospital Cristo Redentor. Sempre tem fruta boa.
   Aqui da Palma, teu filho, mesmo tendo opção de estar com a esposa (que não conheceste - e me faz feliz, como querias), está sozinho, talvez por uma determinação vinda do desconhecido, para relembrar o imenso amor que derramaste por todos os lugares, temperado com a tua marca registrada, a eterna rabugice.
   Aqui da casa construída com tanto amor e esforço e  pouco aproveitada por ti, peço ao administrador do lugar para onde vais ou onde estás, para que te consiga o mesmo mamão da banca defronte ao Hospital Cristo Redentor, para que o comas com o mesmo prazer que tiveste em nosso último encontro aqui neste mundo.
   E se não te conseguir uma fruta tão boa, não dá moleza:
   Reclama por toda a eternidade. Mostra quem é a Dona Lourdes Barbosa! ...
   Com uma baita saudade do filho mais novo
   Vilsom Jair
 
 
 
      Essa é a casa que a Dona Lourdes legou para reunir a parentalha. Dizem que no Céu as casas terão material de primeiríssima, acabamento impecável, essas coisas.
        Para mim, se chegar lá, quero uma casa simples que nem essa, construída com muito amor. Até acho que deve ter dentro uma senhora rabugentando, por séculos e mais séculos  ...
 
 
Dona Lourdes levando o escrevinhador para o recebimento do Diploma de Técnico em Contabilidade. Ela, mulher simples, sem mesmo concluir o "primário" batalhou e, junto com Hilário Barbosa, conseguiu ver os três filhos, também com o terceiro grau concluído.


Um comentário:

Joao Fernandes disse...

valeu Vilsom, me deu uma saudade desse lugar depois que li tua mensagem pra tia lurdes, mt inspirada, aproveito p mandar abraços ao povo dai, á luiza, fabiane e cia ltda. um otimo domingo a todos.