Mas tchê, que barbaridade:
O ano tá se acabando;
A gente sempre levando
Sem nenhum dó ou piedade.
Pra mim não deixa saudade.
E acho que pra ninguém.
Tomara, o ano que vem
Um pouco, ao menos, melhore
E que o tal de Sartori
Se mande, pro nosso bem!
O Temer é de temer.
Lá se vai nossa alegria.
E nossa aposentadoria
Tende a desaparecer.
Só na hora de morrer -
É uma cosa de loco -
Que o índio descansa um pouco.
Isso é um causo muito sério
No rumo do cemitério
No bolso, nada de troco.
O mundo tá ao contrário.
Tudo tá mui demudado.
O gringo, esse desgraçado,
Tá parcelando o salário
E o pobre do funcionário
Fica sem nenhum dinheiro.
Nem o décimo-terceiro
Pras crianças alegrar.
Não dá mais pra aguentar!
Te manda, seu embusteiro!
E a nossa São Vicente
Tá na maior confusão.
Diz que tem nova eleição.
Isso não há quem aguente.
Já incomodam o vivente
Atrás do voto correndo.
Uma vez, até entendo,
Mas um duplo sofrimento
Acho um baita tormento
E no "nulo" me defendo ...
E no ano que vem agora
Quero ver mui repetido
O pouco bem recebido.
E que a partir dessa hora,
O sofrer vá estrada a fora
E a gente tenha saúde.
Paz, na maior plenitude,
Junto de amigos e família
Prenda, pingo bom de encilha
E o pila no bolso grude!
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